Células imunitárias podem ser próximo alvo no combate ao HIV

12.º Ano BIOLOGIA - III. Imunidade e Controlo de Doenças

Estudo norte-americano
Células imunitárias podem ser o próximo alvo no combate ao HIV
29.04.2008 - PÚBLICO.PT


Cientistas norte-americanos descobriram que o vírus da sida tem dificuldade em replicar-se quando as células do sistema imunitário que ataca são alteradas. Com esta descoberta pode vir a ser possível produzir medicamentos que inibiam a produção de uma proteína nestas células, dificultando a replicação do HIV.

Ainda não há cura para a infecção causada pelo HIV. Sem tratamento, o vírus vai gradualmente destruindo as células do sistema imunitário para se replicar, deixando as defesas dos doentes demasiado fracas para combaterem as infecções mais simples.

Os medicamentos actualmente utilizados, chamados retrovirais, atacam directamente o vírus. Mas devido à grande capacidade de mutação do HIV, nascem estirpes resistentes que tornam os medicamentos obsoletos.

Para contonar este problema pode-se “atacar” as células do sistema imunitário que são as hospedeiras do vírus. Ao interferir com as proteínas das células do sistema imunitário, o vírus deixa de conseguir infectar estas células e não se replica.

Foi neste contexto que uma equipa de investigadores liderada por Andrew Henderson da Universidade Estatal da Pensilvânia e por Pamela Schwartzberg do Instituto Nacional de Investigação do Genoma Humano, em Bethesda, Maryland descobriram que quando se faz o "knock out" (silencia-se o gene da proteína) de uma enzima chamada “inducible T-cell Kinase” (ITK), dos linfócitos T, o HIV tem muito mais dificuldade em se replicar.

A ITK é produzida pelos linfócitos T produzidos pelo timo e por outras células do sistema imunitário. Esta enzima está envolvida em diversos processos na infecção e replicação do vírus, um dos quais é a própria entrada do vírus para a célula. Os investigadores silenciaram o gene desta enzima em ratinhos e verificaram que as células ficavam menos vulneráveis à infecção pelo HIV. Os resultados foram publicados na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.

Sistema imunitário em perigo?
Os cientistas já preencheram a patente para tratamentos que tenham como base esta via. Estão agora à espera que empresas farmacêuticas comecem a produzir estas drogas. “Existem um número de compostos que têm a ITK como alvo”, diz Henderson que defende que não será difícil desenvolver um medicamento destes. No entanto não se sabe se a droga terá o efeito desejado, “acho que ainda está para se ver se estes medicamentos serão suficientemente bons para inibirem a replicação viral”, afirma, por seu lado, Schwartzberg.

Um dos problemas que pode impedir o sucesso de um tratamento é a importância das células imunitárias envolvidas. Os CD4+, uma das variedades dos linfócitos T, são das células com mais peso nas nossas defesas. No entanto, o que se espera é que este tratamento não impeça a resposta dos CD4+, mas apenas desacelere. “Os animais em que se inibiu a ITK continuam a combater as infecções virais, mas com uma resposta mais atrasada”, explica Schwartzberg.

Terça Apr 29, 2008 19:32 / netxplica.com

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