Droga que combate efeitos nocivos da radiação

12.º Ano BIOLOGIA - III. Imunidade e Controlo de Doenças

Estudo publicado na "Science"
Cientistas americanos desenvolvem droga que combate efeitos nocivos da radiação
11.04.2008 - PÚBLICO.PT / Reuters

Viktor Korotayev/Reuters (Arquivo)

Esta droga pode ser importante para outras catástrofes como a de Chernobyl

Investigadores norte-americanos estão a desenvolver uma droga capaz de proteger macacos e ratinhos contra os efeitos negativos da radiação. A droga pode vir a ser utilizada durante o tratamento do cancro e no caso de alguém ser exposto a uma fonte de radiação, segundo o estudo, publicado na edição de hoje da revista "Science".

Andrei Gudkov, um dos autores do estudo, explica que o grupo tentou “bloquear as intenções de suicídio das células” depois de receberem uma dose de radiação. Segundo o investigador, que pertence ao Instituto Roswell Park Cancer na cidade de Bufalo, no estado de Nova Iorque, a radiação despoleta uma morte programada das células a que se dá o nome de apoptose. Esta programação impede as células de se tornarem cancerígenas mas compromete a função dos vários tecidos.

O composto, chamado CBLB502, impede que as células da medula óssea e do tubo digestivo sejam destruídas, mas não interfere com o efeito terapêutico da radiação no combate ao cancro.

Este composto foi fabricado a partir de uma proteína de salmonela que torna as células resistentes à apoptose. Uma única dose da droga, pouco tempo antes dos animais receberem a radiação, reduz de uma forma significativa a destruição das células da medula óssea, do estômago e do intestino. A droga também demonstrou eficácia quando foi aplicada uma hora depois da radiação.

“Podemos converter temporariamente e reversivelmente as células normais em algo resistente à radiação. Mas só durante duas horas”, explica Gudvok, que também é o responsável científico da companhia Cleveland BioLabs Inc. Esta duração é essencial, porque de outra forma estas células desenvolveriam tumores. Até agora, a droga tem tido poucos efeitos secundários.

As aplicações do químico são duas, "contra situações de emergência, bombas sujas e desastres como o de Chernobyl”, diz o investigador, “para isso, gostaríamos que as pessoas tivessem uma injecção do composto pronta para ser aplicada”. E para a redução dos efeitos secundários que a radiação provoca quando é utilizada no tratamento do cancro.

A companhia de Gudvok está à procura de uma aprovação do governo dos EUA para começar a testar a droga em pessoas, já este Verão. Na semana passada ganhou um contrato de cerca de 5,7 milhões de euros do Departamento de Defesa dos EUA para desenvolver um tratamento contra a exposição à radiação.

Sexta Apr 11, 2008 14:26 / netxplica.com

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