Ado�antes artificiais contribuiram para epidemia obesidade

12.� Ano BIOLOGIA - IV. Produ��o de Alimentos e Sustentabilidade

Estudo sugere que ado�antes artificiais ter�o contribu�do para epidemia mundial de obesidade
17.09.2014 - P�BLICO.PT | ANA GERSCHENFELD

Milh�es de milh�es de bact�rias cobrem as paredes do intestino

Os ado�antes n�o cal�ricos, utilizados para limitar o consumo de a��car e assim prevenir a diabetes do adulto e a obesidade, provocam altera��es na flora intestinal que fazem, pelo contr�rio, aumentar os n�veis de a��car no sangue.

Milh�es de pessoas no mundo deixaram de p�r a��car no caf� e passaram a consumir, por raz�es de sa�de, aspartame, sacarina ou outros ado�antes artificiais. A ind�stria alimentar utiliza-os para reduzir as calorias dos seus produtos. Por�m, eles nem sempre s�o eficazes para perder peso � um enigma ainda por resolver. E apesar de um sem fim de estudos terem sido realizados desde a sua introdu��o na nossa dieta h� mais de um s�culo, os seus eventuais benef�cios ou perigos continuam por avaliar.

Agora, uma equipa de investigadores em Israel descobriu um efeito tang�vel dos ado�antes sobre a nossa fisiologia. Mais precisamente, que o consumo de ado�antes � capaz, tanto no ratinho como no ser humano, de provocar desequil�brios da flora intestinal � os milh�es de milh�es de bact�rias que vivem no nosso intestino e nos ajudam a digerir os alimentos. E que, por sua vez, esses desequil�brios podem fazer aumentar perigosamente os n�veis de a��car no sangue � ou seja, precisamente o que se pretendia evitar ao substituir o a��car natural por ado�antes. Apesar de serem muito preliminares, os seus resultados, que foram publicados esta quarta-feira na revista Nature, levam estes autores a concluir que �a utiliza��o em massa destes aditivos alimentares deve ser reavaliada� e que "os ado�antes poder�o ter contribu�do directamente para exacerbar precisamente a epidemia [de obesidade] que se destinavam a combater".

O corpo humano � feito de milh�es de milh�es de c�lulas, mas o n�mero de microrganismos a viver nele, principalmente bact�rias � a "flora", por oposi��o � "fauna" das nossas pr�prias c�lulas � � dez vezes maior e estima-se que contenha milhares de esp�cies diferentes. A import�ncia para a nossa sa�de deste "jardim bot�nico" interno, deste "�rg�o" invis�vel que pesa cerca de dois quilos (mais do que o nosso c�rebro!) e que vive sobretudo nos intestinos, come�a apenas a emergir.

Eran Elinav, do Instituto Weizmann de Ci�ncia (Israel) e colegas come�aram por descobrir que, embora os ado�antes artificiais n�o contivessem a��car, eles tinham, mesmo assim, um efeito directo sobre a capacidade de o organismo utilizar a glucose, explica aquela institui��o em comunicado. Ora, a incapacidade de lidar com a glucose � o primeiro passo a caminho de doen�as metab�licas como a diabetes.

Mais precisamente, administraram a diversos grupos de ratinhos �gua com diversas doses n�o t�xicas de tr�s dos ado�antes mais comuns: aspartame, sacarina e sucralose; e por outro lado, a outros ratinhos, �gua pura e �gua com a��car. E constataram que os ratinhos que consumiam ado�antes desenvolviam uma �intoler�ncia � glucose� (n�veis elevados de glucose no sangue), mas n�o os outros.

A seguir, quiseram saber se a flora intestinal dos animais estaria envolvida neste fen�meno, especulando que aquelas bact�rias poderiam estar a reagir de maneira imprevista a essas subst�ncias artificiais que s�o os ado�antes. E de facto, quando submeteram ratinhos a um tratamento com antibi�ticos destinado a erradicar a sua flora, cancelaram o efeito dos ado�antes sobre o metabolismo da glucose. Mais: quando transplantaram flora intestinal de ratinhos que consumiam sacarina para ratinhos desprovidos de qualquer bact�ria pr�pria � e que nunca tinham consumido ado�antes � esses ratinhos tamb�m desenvolveram uma intoler�ncia � glucose. "Uma prova conclusiva de que as altera��es das bact�rias intestinais s�o directamente respons�veis pelos efeitos prejudiciais [dos ado�antes] sobre o metabolismo do hospedeiro", l�-se no mesmo comunicado.

Por �ltimo, a an�lise das bact�rias intestinais de animais que consumiam sacarina revelou uma profunda altera��o dessa flora, tanto do ponto de vista da sua composi��o como das suas fun��es. E, em particular, da sua capacidade de metabolizar os hidratos de carbono contidos na alimenta��o � que se sabe estar associada a uma propens�o para a obesidade e a diabetes.

Desiguais perante os ado�antes

A quest�o seguinte foi a de saber se o mesmo aconteceria nos seres humanos. Primeiro, os cientistas analisaram dados nutricionais relativos a cerca de 400 pessoas e descobriram uma rela��o entre o consumo de ado�antes, o perfil individual da flora intestinal e a propens�o para ter n�veis de glucose elevados no sangue. E depois, fizeram uma pequena experi�ncia, em que sete volunt�rios que em geral n�o consumiam ado�antes nem comida artificialmente edulcorada passaram a faz�-lo durante uma semana, enquanto os cientistas monitorizavam os seus n�veis de glucose e a composi��o da sua flora intestinal. �Passados apenas quatro dias, metade dessas pessoas apresentava n�veis elevados de glucose no sangue e perturba��es da toler�ncia � glucose�, comentam dois especialistas norte-americanos num artigo na mesma edi��o da Nature.

Os resultados n�o convencem todos os peritos, embora ningu�m descarte a necessidade de se fazerem pesquisas mais aprofundadas. �Os resultados deste estudo n�o provam que os ado�antes representam um verdadeiro risco para os humanos�, diz num comunicado difundido pela Nature Naveed Sattar, especialista de medicina do metabolismo da Universidade de Glasgow (Reino Unido).

Mas ent�o, devemos ou n�o parar de consumir, por exemplo, refrigerantes sem a��car? �Estes resultados n�o me fariam escolher refrigerantes a�ucarados em vez de refrigerantes sem a��car�, diz Naveed, salientando que est� mais do que provado que os primeiros, esses sim, apresentam reais perigos para a sa�de.

Quanto aos autores, admitem que, por enquanto, n�o est�o de facto em condi��es de fazer recomenda��es sobre o consumo de ado�antes. Mas em confer�ncia de imprensa telef�nica, Elinav declarou que tinha optado por parar de os consumir. �� uma decis�o pessoal�, salientou contudo. �N�o � cient�fica.�

Quarta Sep 17, 2014 22:28 / netxplica.com

Estudo revela v�nculo entre ado�antes artificiais e intoler�ncia � glicose

O consumo de ado�antes artificiais pode aumentar o risco de desenvolver intoler�ncia � glicose em alguns indiv�duos, segundo um estudo divulgado pela revista cient�fica brit�nica Nature. Um grupo de cientistas, liderado pelo israelita Eran Elinav, do Instituto de Ci�ncia Weizmann, de Rehovot (Israel), chegou a esta conclus�o ap�s ter realizado um teste com ratos e humanos.
Durante o seu estudo, os cientistas observaram que os roedores alimentados � base de dietas com ado�ante artificial mostravam um metabolismo energ�tico alterado, segundo explicou em confer�ncia Elinav e o seu colega, Eran Segal.
Esse metabolismo parece ser modulado pelos efeitos dos ado�antes na composi��o e na fun��o dos micr�bios intestinais, segundo o estudo.
Os cientistas detectaram associa��es similares �s ocorridas nos ratos em algumas pessoas ap�s consumir ado�antes, como desequil�brios microbianos e o metabolismo da glicose (altos n�veis de a��car no sangue) danificado.
Elinav considerou que �ainda � necess�rio debater mais estes resultados com outros estudos mais amplos� e confiou que a sua pesquisa �d� lugar a debates e pesquisas adicionais�.
�O nosso estudo n�o � definitivo na sua conclus�o para os humanos, mas revela que se trata de um assunto n�o resolvido e que deveria ser analisado de novo, pois deixamos claro que os ado�antes podem ter um efeito diferente nas pessoas�, acrescentou Elinav, que admitiu que ap�s realizar o estudo optou por deixar de tomar caf� com ado�ante.
O seu colega, Eran Segal, precisou que a sua pesquisa �n�o pretende entrar em conflito com estudos pr�vios, mas fomentar novas pesquisas pelos efeitos potencialmente nocivos dos ado�antes numa grande parte da popula��o�.
Estes ado�antes podem ser encontrados em produtos alimentares e bebidas, como os refrigerantes diet�ticos e sobremesas sem a��car e s�o recomendados em dietas de emagrecimento e em tratamentos ou preven��o de desordens metab�licas.
No entanto, os dados que apoiam o seu consumo neste �ltimo estudo s�o limitados.
Elinav e os seus colegas mostraram que os ratos que bebiam �gua na qual houve acr�scimo de glicose e um ado�ante desenvolviam uma marcada intoler�ncia � glicose frente aos roedores que bebiam somente �gua, ou simplesmente �gua com a��car.
Os autores viram que os ado�antes artificiais sem calorias exercem este efeito ao alterar o equil�brio dos micr�bios intestinais.
Al�m disso, segundo a pesquisa, estes ado�antes alteram a composi��o e a fun��o do microbioma - bili�es de bact�rias e v�rus que povoam as diferentes partes do corpo - em alguns humanos.
Os resultados divulgados pela Nature sugerem que os ado�antes artificiais n�o cal�ricos poderiam exacerbar, ao inv�s de prevenir, as desordens metab�licas como a intoler�ncia � glicose e a diabetes.

Di�rio Digital
18.09.2014

Quinta Sep 18, 2014 21:29 / netxplica.com

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