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MRSA saltou das vacas para o homem há 40 anos


12.º Ano BIOLOGIA - III. Imunidade e Controlo de Doenças

Estafilococo multirresistente saltou das vacas para o homem há 40 anos
23.08.2013 - PÚBLICO.PT | Nicolau Ferreira


A bactéria Staphylococcus aureusganhou resistência aos antibióticos rapidamente, logo a seguir ao momento em que começaram a ser usados, na década de 1940

Estudo genético verifica que um dos tipos de estafilococos super-resistentes passou dos bovinos para os humanos e que, já em nós, sofreu transformações. Descoberta mostra complexidade desta infecção

Uma das infecções mais perigosas que se podem apanhar nos hospitais, o estafilococo áureo multirresistente (MRSA, na sigla em inglês), é causada por uma bactéria que adquiriu mudanças que lhe conferem defesas contra a meticilina e a outros antibióticos. Uma das estirpes mais recentes de MRSA, que começa a ser vulgar em países como a Dinamarca, tem origem em gado bovino. Há mais de 40 anos, estas bactérias saltaram das vacas para os humanos, onde depois desenvolveram a resistência que entretanto foi detectada, mostra agora um artigo publicado na revista online e de acesso livre mBio, da Sociedade Americana para a Microbiologia.

"Demonstramos aqui que o gado é um reservatório potencial de bactérias patogénicas capazes de atravessar a barreira das espécies, de se adaptarem ao hospedeiro e de se estabelecerem nas populações humanas", escrevem no artigo os cientistas que levaram a cabo o estudo liderado por Ross Fitzgerald, da Universidade de Edimburgo, na Escócia.

O Staphylococcus aureus foi identificado na década de 1880. Presente em um quinto da população, a bactéria está normalmente adormecida em zonas do corpo como a pele e o nariz. De vez em quando, pode aproveitar uma ferida para produzir uma infecção que causa um furúnculo ou entrar para as vias respiratórios e provocar uma pneumonia ou ainda chegar mesmo ao sangue, onde há um risco de uma infecção disseminada por vários órgãos. Quando não é tratada, pode matar.

A descoberta da penicilina em 1923 e, depois, de outros antibióticos, começou por se revelar uma boa notícia no combate a esta bactéria. Mas, entre 1940 e 1960, o estafilococo foi ganhando uma série de resistências até que, finalmente em 1961, descobriu-se que a bactéria ficou resistente à meticilina.

Esta adaptação aconteceu graças ao promíscuo universo das bactérias, em que uma célula bacteriana pode ganhar um pedaço de ADN de outra, o que lhe pode conferir algum tipo de vantagem evolutiva. Este processo chama-se transferência lateral. É uma espécie de processo parecido com os organismos transgénicos, mas que ocorre de uma forma natural e fortuita e que pode ser conveniente, ou não, para a própria bactéria.

Neste caso, houve uma bactéria sortuda do Staphylococcus aureus que incorporou no seu único cromossoma um pedaço de ADN estrangeiro de outra bactéria - pensa-se que terá sido de uma espécie que vive em ratos - que continha o gene mecA. Este gene comanda a produção de uma proteína que a torna imune à meticilina e a todo um grande grupo de antibióticos que normalmente impedem as bactérias de produzir a sua parede celular, matando-as.

Esse foi o momento zero do MRSA. Desde essa altura, surgiram várias estirpes diferentes que são resistentes à meticilina: todas essas defesas foram adquiridas através de um processo semelhante. "Com a globalização, o grande problema é pode surgir uma bactéria que adquire resistência e ser, já de si, muito patogénica", explica ao PÚBLICO Constança Pomba, veterinária e investigadora da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa.

Primeiro, associadas ao contágio nos hospitais e, depois, em comunidades fechadas como escolas, as várias estirpes de MRSA tornaram-se um verdadeiro problema de saúde.

Parte da resolução desse problema passa por compreender como é que estas bactérias viajam na população humana. Ou como é que saltam de uma espécie animal para outra, já que o Staphylococcus aureus predomina noutras espécies de mamíferos, muitas delas em contacto próximo do homem, como as vacas, os cavalos ou os porcos.

No novo trabalho, a equipa de Ross Fitzgerald olhou para um tipo emergente de MRSA que já se espalhou por quatro continentes. E foi analisar amostras de estafilococos presentes em 43 pessoas. Depois, sequenciou o genoma da bactéria em cada amostra para construir uma história desta estirpe emergente.

Os investigadores descobriram que o novo MRSA evoluiu nas vacas e depois passou para os humanos. Essa passagem deu-se em dois saltos distintos. Um terá ocorrido entre 1894 e 1977, e o outro algures entre 1938 e 1966. Na altura que se deu esta passagem, esta estirpe de Staphylococcus aureus ainda não tinha ganho o gene que lhe dá resistência aos antibióticos. Isso aconteceu algum tempo depois, quando já estava no homem.

"Eles provaram que estas estirpes vieram dos bovinos, depois ganharam o gene mecA e, mais tarde, mecanismos que permitem ultrapassar o sistema imunitário humano", explica Constança Pomba.

Este é um dado importante: a proporção esmagadora em Portugal de pessoas infectadas com MRSA surge nos hospitais. Neste contexto, as bactérias atacam as pessoas já de si doentes, com o sistema imunitário debilitado, que, de outro modo, conseguiriam controlar o estafilococo. Não é o caso do novo tipo estudado agora, que até causa doença em pessoas saudáveis e que não estão no hospital.

Outro dado importante é a forma como a nova estirpe apareceu. Em 2012, outro trabalho sobre a infecção, em que a investigadora portuguesa participou, concluía que numa outra estirpe de MRSA o gene mecA tinha surgido no porco. Através de uma análise genética, compreendeu-se que esta estirpe tinha saltado do homem para o porco. Depois, neste animal, a bactéria adquiriu o gene mecA. E, finalmente, voltou a saltar para o homem.

No caso dos bovinos, houve primeiro a passagem da nova estirpe para os humanos e só depois a bactéria ganhou defesas contra os antibióticos. "Temos duas histórias diferentes. Uma no porco, outra na vaca", diz Constança Pomba. Mas porquê? "Se calhar o tipo de sistema produtivo de bovinos e suínos é diferente", sugere a investigadora.

Um artigo de fundo, na revista Nature, analisava o risco nos EUA da passagem de estafilococos das explorações suínas para os humanos e o perigo do uso excessivo de antibióticos nestas explorações como promotor do aparecimento de novas estirpes resistentes. Agora, estas descobertas podem trazer mais elementos para este debate. Mas Constança Pomba refere que em Portugal não há razão para alarme: "Em 2008, 13% dos porcos tinha a bactéria MRSA, mas não se conhecem casos de pessoas infectadas por esta via."

Sábado Aug 24, 2013 3:02 / netxplica.com

Portugal prepara "feixe de medidas" para combater o MRSA
23.08.2013 - PÚBLICO.PT | Alexandra Campos



Coordenador do programa de Controlo de Infecção diz que o combate a este problema é prioritário.

O estafiloco áureo multirresistente (MRSA) é a principal causa de infecções associadas aos cuidados de saúde em todo o mundo. Mas em Portugal "é um problema com uma expressão hipersignificativa, é endémico", sublinha José Artur Paiva, coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infecção e de Resistência Antimicrobiana, que não poupa palavras para destacar a gravidade da situação nacional.

"É uma bactéria perigosa que causa doença grave e pode matar. Desde há anos que temos uma taxa tendencialmente crescente e a situação é facilmente melhorável", acentua o médico, que está a preparar um "feixe de medidas" direccionadas especificamente para o combate a este problema. São medidas "muito ligadas à higiene e detecção precoce de doentes portadores da bactéria", explica.

Nos Estados Unidos estima-se que o MRSA provoque 94 mil infecções e mais de 18 mil mortes por ano. Na União Europeia, calcula-se que cause mais de 150 mil infecções em cada ano. Em Portugal não há dados sobre mortalidade, nem isso seria relevante, defende José Artur Paiva, para quem o mais importante é quebrar o "ciclo vicioso" instalado. "Quando as bactérias são resistentes usa-se antibióticos [de espectro] mais largo, as bactérias criam mais resistência, começa o ciclo vicioso", lamenta.

No último estudo do Centro Europeu para o Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês), que incluiu os resultados de um inquérito de prevalência de infecção nosocomial (hospitalar) efectuado em 2012 em 1149 hospitais - e que é uma espécie de fotografia da situação observada nos dias em que o inquérito foi realizado -, Portugal surge a vermelho, a par da Itália, Chipre e Roménia, no mapa da MRSA.

Em Portugal, o microrganismo mais isolado foi o estafilococo (18% do total) e, nos microrganismos isolados com resistência conhecida, 73,7% eram multirresistentes. Uma proporção substancialmente superior à da média encontrada no estudo do ECDC (41,2/%).

Os dados do Sistema Europeu de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos (EARS), um sistema de monitorização permanente, também têm colocado Portugal sistematicamente entre os países com os valores mais elevados de MRSA, ainda que a proporção encontrada seja mais baixa (52% dos estafilococos são resistentes).

O objectivo dos responsáveis portugueses é, agora, reduzir em 10% este valor, ao longo dos próximos dois anos, para uma proporção da ordem dos 40%, semelhante à da média europeia. Será possível? José Artur Paiva acredita que sim e defende que até não será difícil, dando o exemplo de países como os escandinavos e a Holanda.

"As resistências devem-se sobretudo a dois factores - o uso indevido de antibióticos e a deficiente higiene global. Se melhorarmos muito a higiene [o que passa por medidas tão simples como lavar correctamente as mãos e usar luvas, entre outras], melhoraremos muito o combate a este problema", acredita o médico. Também será determinante a detecção precoce dos doentes à entrada dos hospitais (serão seleccionados os de maior risco) para protecção de outros pacientes, através de medidas de isolamento.

Um em dez contrai infecção

No quadro da infecção hospitalar global, Portugal também está colocado nas piores posições no último estudo do ECDC, com uma taxa de prevalência observada da ordem dos 10,6%. Isto significa que um em cada dez doentes contraiu uma infecção nas unidades de saúde, quando a taxa global de prevalência de infecções hospitalares era de 6,1%, na média.

Olhando para os números de inquéritos anteriores feitos em Portugal (taxa de infecção hospitalar de 8,4%, em 2003, e de 9,8%, em 2009), parece que a situação está a piorar, mas José Artur Paiva sustenta que os números se têm mantido relativamente estáveis nos últimos anos e lembra que os hospitais atendem "pessoas cada vez mais idosas, frágeis e imunodeprimidas".

Além de ser um dos países da União Europeia com maior taxa de prevalência de infecções adquiridas em meio hospitalar, Portugal está também no grupo daqueles onde a resistência a antibióticos mais tem aumentado. Por isso é que, em Fevereiro, o Governo atribuiu o estatuto de programa nacional prioritário ao combate às infecções e às resistências aos antibióticos.

Sábado Aug 24, 2013 3:04 / netxplica.com

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