Quase 3 mil portuguesas laquearam as trompas sem cirurgia

12.� Ano BIOLOGIA - I. Manipula��o da Fertilidade

Quase 3 mil portuguesas laquearam as trompas sem cirurgia
25.04.2010 - DN.PT | CATARINA CRIST�O

Um sistema de esteriliza��o definitiva que n�o exige cirurgia ou internamento � usado em Portugal h� quatro anos e j� convenceu os especialistas. Deste ent�o, 2800 mulheres colocaram microimplantes de metal, atrav�s do �tero, que, passados tr�s meses, s�o envolvidos pelo tecido das trompas, criando uma barreira natural. Os m�dicos garantem que � eficaz, n�o requer incis�es, nem anestesia geral, e � feito em ambulat�rio em apenas 15 minutos.

Aos 33 anos Maria Helena Anjos decidiu que n�o queria arriscar mais nenhuma gravidez. J� tinha tr�s filhos, de 15, 10 e 5 anos, e queria emagrecer. "O m�dico disse-me que, para colocar a banda g�strica, n�o podia engravidar nos pr�ximos anos. Fazer contracep��o definitiva pareceu-me a melhor op��o", conta a dom�stica. Como tinha outras doen�as e a cirurgia n�o era recomend�vel, os m�dicos propuseram-lhe um novo m�todo que permite laquear as trompas sem ser necess�rio fazer incis�es.

"� um procedimento em que se colocam microimplantes nas trompas atrav�s do �tero, por histeroscopia", explica Alberto Fradique, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia. "Os microimplantes v�o sendo envolvidos pelo tecido das pr�prias trompas, criando uma barreira natural, de forma a impedir a fecunda��o."

Esta t�cnica � permanente e irrevers�vel, mas ao longo de tr�s meses a mulher deve usar outro m�todo contraceptivo.

Este m�todo alternativo � cirurgia chama-se Essure, foi criado nos Estados Unidos nos anos 90, mas s� come�ou a ser aplicado em Portugal a partir de 2006.

Desde ent�o j� foram feitas 2800 laquea��es com esta t�cnica no Pa�s. A maioria dos hospitais p�blicos e privados, como a Maternidade Alfredo da Costa e o Hospital da Luz, em Lisboa, ou o S�o Jo�o, no Porto, j� a adoptaram. Outros, como o Francisco Xavier, em Lisboa, ainda est�o em processo de implementa��o e forma��o dos profissionais. A empresa que comercializa o Essure, a Conceptus, diz que na Europa j� foram usados 35 mil implantes e 400 mil em todo o mundo.

Os dois microimplantes (um para cada trompa) custam 1050 euros, mas s�o comparticipados pelo Estado.

Esta nova t�cnica de esteriliza��o veio revolucionar a contracep��o feminina e est� a conquistar mulheres e m�dicos em Portugal. Alguns especialistas defendem mesmo que o Essure, al�m de mais c�modo, � mais barato. No entanto, a tradicional cirurgia de laquea��o de trompas - a partir de incis�es na parede abdominal (ver texto ao lado)- continua a ser a mais utilizada.

"A experi�ncia que tenho � que o novo procedimento � eficaz e � talvez o melhor do mercado actualmente", defende Alberto Fradique. "Tem mais vantagens para os doentes, por provocar menos morbilidade, uma vez que � feito em ambulat�rio e n�o obriga ao internamento da mulher. � simples, demora em m�dia 15 minutos, n�o requer anestesia, cortes ou pontos."

"Permite que as mulheres possam fazer uma vida normal, logo ap�s a sua aplica��o", completa Margarida Martinho, directora da Unidade de Endoscopia do Servi�o de Ginecologia e Obstetr�cia do Hospital de S�o Jo�o, no Porto, a primeira unidade de sa�de a aplicar a t�cnica.

Maria Helena ficou satisfeita. Colocou os microimplantes h� cinco meses no Hospital de S�o Jo�o, j� fez o teste para verificar que as trompas estavam bloqueadas e est� tudo bem. "Foi tudo muito r�pido, e quase nem senti. Ainda me disseram para tomar um analg�sico, mas nem isso tomei, e n�o senti muitas dores. � quase como que um exame de rotina no ginecologista", refere.

Isabel Cherpe, de 42 anos, foi das primeiras mulheres em Portugal a colocar o Essure. "Quando fiz a laquea��o, o m�dico disse-me que tinha acabado de chegar. Tranquilizou-me quanto ao procedimento e eu confiei", lembra.

A administrativa usava um dispositivo intra-uterino como m�todo contraceptivo, at� que come�ou a ter problemas. "O meu organismo come�ou a rejeit�-lo. Ainda tentei outra marca, mas n�o resultou", conta.

A p�lula ou o adesivo tamb�m n�o a convenciam e no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, propuseram-lhe esta nova alternativa. "Como j� tinha duas filhas e n�o pensava ter mais, n�o hesitei. Coloquei-o h� quatro anos e nunca tive problemas", assegura Isabel Cherpe.

"� f�cil aplicar o dispositivo de metal, embora exija algum treino e s� deva ser feito por especialistas", sublinha tamb�m Jorge Branco, director da maior maternidade do Pais, a Alfredo da Costa, onde esta t�cnica � realizada h� cerca de tr�s anos.

"Podemos dizer que j� n�o faz sentido fazer laquea��o por laparotomia (abrir a barriga)", conclui a ginecologista Margarida Martinho, resumindo a opini�o dos cl�nicos ouvidos pelo DN .

Segunda Apr 26, 2010 10:33 / netxplica.com

Mulheres n�o podem escolher o m�todo de esteriliza��o
25.04.2010 - DN.PT

Em causa est�o os custos do novo m�todo para o Estado. N�o h� estudos sobre qual fica mais barato, e m�dicos dividem-se.

Embora os m�dicos sejam un�nimes a dizer que o novo m�todo de microimplantes � mais c�modo para a mulher do que a laquea��o de trompas por cirurgia, nos hospitais p�blicos as portuguesas ainda n�o podem escolh�-lo.

"Admito que noutros pa�ses europeus j� seja uma op��o, mas por c� ainda n�o � um procedimento dado a escolher a todas as doentes, tendo em considera��o os custos e os reembolsos do Estado face aos que se paga pelos microimplantes", confirma Margarida Martinho, do Servi�o de Ginecologia e Obstetr�cia, do Hospital de S�o Jo�o, no Porto, onde se faz apenas uma m�dia de 30 Essure por ano.

"Os crit�rios para a coloca��o destes dispositivos podem mudar de hospital para hospital, mas aqui s�o colocados sobretudo a mulheres que tenham patologias associadas em que a cirurgia represente um maior risco � sua vida", explica.

O problema, diz, � que a unidade de sa�de tem de comprar os dispositivos, que custam, em meio hospitalar, 900 euros, enquanto que, no m�todo tradicional, os servi�os j� existem e � apenas necess�rio disponibilizar o bloco operat�rio e a equipa de m�dicos.

No entanto, esta pode ser uma falsa quest�o, porque, no final , fazendo as contas todas, a cirurgia pode at� ficar mais cara, afirma Margarida Martinho. "� necess�rio contabilizar os custos da cirurgia, como m�dicos, enfermeiros e auxiliares de ac��o m�dica, f�rmacos e esteriliza��o, manuten��o de esquipamentos, etc.", explica.

"A contracep��o definitiva histerosc�pica � a que tem maior vantagem para os doentes e tamb�m a mais barata, quando considerados todos os custos", concorda Alberto Fradique, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia.

J� Jorge Branco, director da Maternidade Alfredo da Costa, onde a rela��o de laquea��es entre o Essure e a cir�rgica � de 1 para 20, acredita que a primeira � mais cara. "O custo da laquea��o atrav�s da parede abdominal rondar� os 150 euros, enquanto no caso do Essure h� ainda a acrescentar a este valor o pre�o dos dispositivos, ou seja, 900 euros", responde o m�dico, admitindo que a t�cnica cir�rgica tamb�m � mais comum porque se faz frequentemente depois de uma cesariana.

A verdade � que ainda n�o foram feitos estudos no Pa�s que indiquem qual das t�cnicas - cirurgia ou Essure - � mais econ�mica.

Segunda Apr 26, 2010 10:34 / netxplica.com

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