Portugal mantém quota de 1,6 milhões de vacinas para a gripe

12.º Ano BIOLOGIA - III. Imunidade e Controlo de Doenças

Saúde
Portugal mantém quota de 1,6 milhões de vacinas para a gripe
08.06.2009 - PÚBLICO.PT | Alexandra Campos

Paulo Ricca

No ano passado foram vendidas pouco mais de 1,5 vacinas contra a gripe

As autoridades de saúde pediram às empresas farmacêuticas para manterem a quota nacional de 1,6 milhões de vacinas contra a gripe sazonal neste Outono/Inverno, apesar de ser previsível que na próxima época gripal a procura seja superior à normal. A quantidade solicitada é semelhante à do ano passado, porque na última temporada algumas vacinas acabaram por ser devolvidas, explicou ao PÚBLICO a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, adiantando que terão sido vendidas pouco mais de 1,5 milhões.

"Esta quota dá para os nossos objectivos, que são os de ir aumentando gradual e consistentemente a vacinação dos grupos de risco. Não podemos pedir mais às firmas", nota Graça Freitas, lembrando que as vacinas da gripe não são compradas pelo Estado mas sim vendidas nas farmácias.

Este ano, devido à gripe A H1N1, é provável que as empresas tenham aumentado as encomendas de vacinas, por preverem que haverá uma tendência para uma maior prevenção contra a gripe sazonal, diz. Algumas pessoas acreditam que desta forma se protegem contra a nova estirpe, apesar de "não ser assim", frisa a especialista - a Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que, de acordo com a evidência científica actual, a protecção cruzada é pouca ou nenhuma, porque a gripe A é causada por uma nova estirpe. Mas a gripe sazonal mata entre 250 e 500 mil pessoas por ano em todo o mundo, por isso a imunização anual não pode ser descurada.

Nos últimos anos, a vacinação contra a gripe sazonal em Portugal tem aumentado nos chamados grupos de risco (indivíduos com 65 e mais anos e portadores de determinadas doenças crónicas). A última época (2008-2009) não foi excepção, indica um estudo sobre a taxa de cobertura da imunização realizado pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, a partir de inquéritos telefónicos a uma amostra de famílias de Portugal continental (2192 indivíduos avaliados).

No grupo etário de 65 e mais anos a taxa de cobertura passou de 51 por cento em 2007-2008 para 53,3 por cento no último Inverno, uma evolução que, mesmo assim, nos deixa longe da meta fixada pela OMS para este grupo de risco no próximo ano (75 por cento), acentuam os autores do estudo. Sobre esta matéria, Graças Freitas considera que a meta da OMS é "um bocado ambiciosa e utópica" e que Portugal "não está mal" no contexto europeu, onde se encontra a meio da tabela. Além disso, alega, as últimas épocas gripais foram suaves (à excepção da do último Inverno, que classifica como "moderada") e as pessoas tendem a desvalorizar a doença.

Esta é a razão mais invocada pelos inquiridos para não se vacinarem. Mais de metade diz que não adoece facilmente com gripe e 14,4 por cento não acredita na eficácia da vacina ou tem dúvidas sobre a sua segurança. Não é o preço do produto (que custa cerca de oito euros nas farmácias, ficando por volta de cinco euros com a comparticipação e um pouco mais de três euros para os idosos com baixos rendimentos) que trava a sua compra. Só um inquirido invocou motivos económicos para não se imunizar.

Quanto à população em geral, há uns anos em que a vacinação aumenta, outros em que diminui, explica um dos autores do estudo, Baltazar Nunes, para quem este fenómeno não é preocupante, uma vez que o objectivo é apostar nos grupos de risco.

Quem continua a vacinar-se pouco são os profissionais de saúde, a quem a imunização é recomendada. Este grupo não foi analisado no inquérito do Ricardo Jorge, mas os últimos dados indicam que em 2007-2008 apenas 28 por cento dos médicos dos hospitais públicos decidira proteger-se.

Segunda Jun 08, 2009 8:54 / netxplica.com

• Página 1 de 1