Nova intervenção para vasos sanguíneos obstruídos

12.º Ano BIOLOGIA - III. Imunidade e Controlo de Doenças

Coimbra: Nova intervenção para vasos sanguíneos obstruídos


Uma equipa de investigadores de Coimbra criou uma solução que impede a reacção negativa do organismo à rede metálica colocada no interior de vasos sanguíneos obstruídos e é largamente utilizada pela Cardiologia, os chamados 'stents'.
O principal problema dos actuais 'stents' está na resposta do organismo ao material metálico, que, segundo estudos, provoca o crescimento anormal das células que constituem os vasos sanguíneos, originando um novo entupimento das artérias e obrigando à substituição do dispositivo, disse hoje à Lusa a coordenadora do projecto, Ana Paula Piedade.

«O que fizemos foi revestir o 'stent' com um filme de espessura extremamente reduzida, que tem a particularidade de ser metálico junto ao 'stent' mas que na superfície adquire propriedades mais compatíveis como o tecido biológico», explicou a investigadora da Universidade de Coimbra.

Os actuais 'stents' são normalmente revestidos com material polimérico, que pode ser utilizado também para a libertação controlada de fármacos, mas o facto de as suas características serem distintas do metal acaba por prejudicar a sua adesão ao dispositivo, obrigando o organismo a «enfrentar dois materiais estranhos».

«Muitas vezes, o material polimérico sai durante o trajecto que o 'stent' tem de percorrer no organismo, o que cria problemas acrescidos se for utilizado como suporte para a libertação de medicamentos», referiu a engenheira de biomateriais.

Ana Paula Piedade refere que cerca de «30 a 40 por cento dos pacientes» com 'stents' têm de substituir o dispositivo «num curto espaço de tempo após a colocação», sublinhando a importância que o equipamento desenvolvido agora pelos investigadores de Coimbra poderá ter na «qualidade de vida e conforto» dos utilizadores.

A forma que a equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Coimbra (FCTUC) e do Centro de Neurociências de Coimbra encontrou para «enganar o organismo», levando-o a pensar que «nada aconteceu», foi revestir o dispositivo metálico com um «gradiente de composição química».

A investigação foi iniciada há três anos e os resultados até agora obtidos são encarados como «uma ajuda preciosa para a Medicina, especialmente para a Cardiologia, ao contribuir decisivamente para uma nova geração de 'stents'», refere uma nota divulgada hoje FCTUC.

Ao contrário do que se verifica com os actuais 'stents', «ao fim de 24 horas de implantação do dispositivo, as células que nos vasos sanguíneos estão em contacto com o sangue (células endoteliais) cobrem completamente a superfície e o sangue não reage de forma adversa», explicou a investigadora.

O novo revestimento de 'stents' foi testado in vitro com cultura de células e terá agora de ser validado em animais, antes de poder eventualmente ser implantado em pacientes.

Os resultados do estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, foram divulgados na Acta Biomaterialia e estão para publicação no Journal of Nanoscience and Nanotecnology, disse Ana Paula Piedade.


Diário Digital / Lusa
31.03.2009

Terça Mar 31, 2009 12:32 / netxplica.com

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