Ansiedade não dificulta uma gravidez por FIV

12.º Ano BIOLOGIA - I. Manipulação da Fertilidade

Estudo realizado na Holanda
A ansiedade não dificulta uma gravidez por fertilização in vitro
29.01.2009 - PÚBLICO.PT

Paulo Pimenta (arquivo)

Um projecto holandês arrisca desmontar a ideia generalizada sobre a influência do stress nas tentativas para engravidar

Um estudo publicado hoje na revista Human Reproduction mostra que, afinal, a ansiedade e a depressão não têm nenhum efeito negativo nas probabilidades de uma mulher engravidar num processo de fertilização in vitro (FIV). Estes dois factores também não parecem influenciar as desistências nos tratamentos de fertilidade, revelam os investigadores que conduziram o projecto na Holanda.

Qualquer mulher que tenha tido alguma dificuldade em engravidar terá ouvido dizer que uma das formas mais eficazes para o conseguir é relaxar e deixar de pensar muito nisso. Há mesmo especialistas desta área que, por vezes, se limitam a receitar “umas boas férias com muita animação” para tentar desbloquear uma situação deste tipo. Além desta percepção generalizada, há alguns estudos que apontam para a possível influência do stress psicológico nestes casos. Porém, uma investigação holandesa arrisca desmontar esta ideia com um trabalho baseado num questionário realizado a 400 mulheres, que foi publicado na revista da Sociedade Europeia de reprodução Humana e Embriologia.

O estudo do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, da Radboud University Nijmegen Medical Centre (na Holanda), avaliou algumas possíveis causas de ansiedade num grupo de mulheres que recorrer a sete clínicas de fertilidade holandesas. Foram recrutadas 783 mulheres e os resultados foram obtidos com as respostas de 421 que completaram os questionários. Entre os factores analisados estava a forma como estas mulheres lidavam com a passagem de meses ou anos sem engravidar, a ideia de se submeter a um tratamento de fertilidade e a ansiedade causada pelo próprio tratamento.

Resultados: Os níveis de ansiedade e depressão antes e durante o tratamento eram semelhantes nas mulheres que conseguiram engravidar e nas que não tiveram sucesso. E no que se refere à ansiedade provocada pela terapia também não foram encontradas diferenças relevantes.

Os autores do estudo confirmaram ainda que estes factores não tinham influência nas taxas de abandono da FIV. As desistências estavam associadas à duração do tratamento e as mais baixas taxa de êxito da terapia relacionavam-se com a idade mais avançada da mulher.

Bea Lintsen, principal autora do artigo, sublinha que os estudos até agora realizados sobre a associação da ansiedade e depressão ao sucesso nas tentativas para engravidar foram inconclusivos e que este projecto dedicado ao campo das mais vulgares técnica de Procriação Medicamente Assistida marca uma diferença. Porém, a especialista admite que esta relação é muito complexa e que é preciso investigar mais, nomeadamente integrando varáveis como o estilo de vida e o comportamento sexual.

Quinta Jan 29, 2009 20:07 / netxplica.com

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